PEDRO LUIZ MASI
Nasceu em São Paulo (capital do Estado de São Paulo), em 31 de dezembro de 1925.
Obra poética: “Delírios” (1948), “Cantiga Boêmia” (1951); “Fantasia (1953); “Sonetos e Carnavais” (1957).
Ensinou História no Centro de Educação Média “Elefante Branco” e dirigiu a Rádio Educadora de Brasília (Distrito Federal).
OLIVEIRA, Joanyr de, org. Poetas de Brasília. Brasília: Editora Dom Bosco, 1962. 107 p 16 x 22cm.
Ex. bibl. Antonio Miranda
AMANHECER
Como se fora a última noite
cambalear semi-ébrio
no deserto da madrugada.
Vero lampião que boceja
cansa de luz inútil
enquanto o tempo lateja dolorido
preso em seus relógios...
Ser a despedida integral
do espírito do passado,
e no clarear,
quando o apito da fábrica substitui o galo
e sua boca recolhe o último boêmio,
ainda tentar alguma independência...
BRASÍLIA
I
Traçada numa cruz,
Como fora Alexandria,
Seguem retas ao infinito
num futuro de fundo e forma.
Sobre os nervosos rios de asfalto
a arquitetura de todas as dinâmicas.
Inesperadas curvas de concreto
alvacentam o verde imenso
dos cerrados anate dos Sem Fim.
II
Hoje um fim existe:
um Brasil menos triste,
com estradas,
com escolas,
com frases da miséria escritas nas paredes
com o pixe preto da fome e da revolta.
Assim, Brasília-operário dos milagres
da redenção de um povo —
existe
para um Brasil,
menos triste.
POESIA POR UM MINUTO APENAS
Este misterioso minuto de poesia
depois de horas de tédio e indiferença
não será talvez retorno?
ela, simplesmente, numa ideia limpa,
sem as adjetivações possessivas
do meu egoísmo.
Ela, em pura essência, desumanizada,
sem amor, sem vida,
entretanto ainda docemente poesia
poesia para um minuto apenas
depois de uma hora completa de tédio.
TRÊS POEMAS FLUMINENSES
Vassouras
Pelas palmeiras da praça
caem águas no chafariz...
Velhas baronesas,
fantasmas ou lendas:
saudades dos cafezais.
Há também fantasmas de escravos,
hoje tão livres,
correndo pelas lendas.
Saquarema
Terra de Nossa Senhora do Nazaré
—restinga salgada,
Batida de vento.
As casas pequeninas
Se espremem entre o mar e a lagoa,
entre o céu e o mar.
A igreja, simples, lá no alto
é um trecho de céu azul
todo caiado de branco.
Angra dos Reis
Os buracos das igrejas mortas
— Paredões cansados —
Espiam os séculos
Com os olhinhos da flor...
*
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Página publicada em julho de 2021
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